Monday, February 27, 2006

O Canal Grande...


Esta é a artéria principal da Sereníssima.


Por aqui, flutua tudo o que entra e sai
desta cidade flutuante...



O Vaporetto nº82, percorre diáriamente este trajecto,
Da Piazzale Roma a San Zaccaria, num vaívem contínuo,
mais chegado ao coração de Veneza,
não se atrevendo para mais além,
retornando, fiél, a Piazzale Roma.


Já o seu companheiro, mais afoito,
o Vaporetto nº1, para lá de San Zaccaria
ainda se aventura pelas águas da Lagoa,
em direcção ao Lido,
mas retorna sempre de novo,
à segurança do Canal Grande,
de volta à Piazzale Roma.


Do Canal Grande partem canais,
mais estreitos e envergonhados,
que irrigam assim o resto desta
cidade mágica e flutuante,
num interminável labirinto
de veios e canais,


tão complexos
como as ruas e os carreiros
que os acompanham e atravessam
num outro frenesim interminável
de pontes e passagens.

Esta é a Veneza que eu conheço
e que respiro com a mesma ânsia,
como se fosse o meu último suspíro,
ou o meu primeiro beijo.


Foi aqui que a minha alma
se apaixonou pela cidade...

Quando aqui chego,

abro as janelas da alma
e choro de alegria e emoção,

e quando a deixo,
choro porque começo
imediatamente a sentir a sua falta,
o seu cheiro,
a sua luz,
as suas cores, e o seu ritmo.



Dizem que esta cidade flutuante
se afunda aos poucos,
mas já eu me afundei nela,
muito mais fundo
do que pensava.



Por isso,
se ela se afundar de verdade,


sei que ficará muito mais
perto de mim...

Às Segundas-feiras não há Mercado do Peixe!...



Às 6:30 da manhã, não há turistas nas ruas da Sereníssima...
O Mercado do Rialto ainda dorme por mais umas horas.
Até se pode subir e descer a Ponte do Rialto sem ser aos encontrões!...
As bugigangas e os vidros falsos de Murano, feitos na China,
que os turistas compram alegres e satisfeitos,
a preços de saldo, 'oferecidos especialmente para eles',
ainda estão guardados nos barracões.


A fruta e os vegetais também não chegarão cedo, hoje,
e a quantidade e a variedade não será grande!...


O Mercado do Peixe nem abrirá até amanhã...





As calles encontram-se sossegadas,
perturbadas, ocasionalmente, pelos passos marcados
de quem vai começar a trabalhar mais cedo.


Por vezes, caminhando neste labirinto deserto,
vou apenas ao encontro de uma melodia,
assobiada pelos varredores municipais,
que matinalmente recolhem os vestígios,
e os desperdíçios abandonados
pela multidão de ontem.


A Piazza di San Marco, e as suas Arcadas, encontram-se
igualmente solitárias e imperturbáveis,
no silêncio majestoso do início de mais um dia.


De manhã, Veneza cheira a pão quente,

e a maresia, vinda da Lagoa e do Adriático,

Daqui a pouco, Veneza vai acordar...

Sunday, February 26, 2006

Windows of Desire...



De volta a Veneza, a Sereníssima...
Passeando pelos corredores vazios
de uma cidade adormecida,
cansada de mais um dia
de estranhos visitantes,
deslumbrados,
confusos,
perdidos,
correndo atrás de mapas desdobrados,
perdendo a oportunidade
de saborear a beleza natural
desta mesma cidade,
flutuante,
exótica,
escondida dentro de si mesma
em labirintos intermináveis,
separados por água,
e ligados por pontes...
Esta é a cidade onde o ar da tarde
é cor de rosa,
e as cúpulas são douradas...
Esta é a cidade mágica
que eu nunca quero deixar,
nem abandonar...
Esta é a cidade onde vive a minha alma,
e o meu coração...

Carnavale!...


Quem não se atreve a esconder atrás de uma simples máscara?...
O desejo de ser diferente?...
A vontade de mudar de rumo?...
A necessidade de gritar liberdade?...

Saturday, February 25, 2006

Espelhos de água, janelas de água...


Janelas e espelhos reflectem as imagens de nós criamos na alma.
Quantas vezes olhamos nós para um espelho sem ver o que lá está?...


E quantas vezes perdemos a oportunidade de ver o reflexo de uma simples poça de água?...
Será a imagem reflectida nas águas uma ilusão, ou outra realidade?...


Viveremos nós na ilusão das nossas próprias reflexões?...


Eu só quero partir à descoberta de espelhos de água,
espreitar pelas janelas de água,
descobrir o que lá está esquecido,


ou perdido,


ou simplesmente à espera de ser encontrado,
ou descoberto.


Dizem que os olhos são as janelas da nossa alma,
e as lágrimas criam o arco-íris dos nossos pensamentos.


Eu continuo à procura do reflexo das imagens...



Talvez um dia te encontre do outro lado...

Friday, February 24, 2006

Pequenas Maravilhas nos Cantinhos do Mundo...


Uma janela de encantos...
A arte vidreira...
A côr intensa do fogo e da paixão...
O tornear do vidro, incandescente...
A composição...
A harmonia...
A beleza natural...
O ar à volta disto tudo.